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Presidente da Áustria convida líder da extrema-direita a formar governo pela primeira vez

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
O líder do Partido da Liberdade (FPO), de extrema-direita, Herbert Kickl, sai após uma reunião com o presidente austríaco Alexander Van der Bellen, em Viena, Áustria, a 6 de janeiro Leonhard Foeger - Reuters

Após negociações fracassadas com outras forças políticas, o presidente austríaco pediu esta segunda-feira ao líder do Partido da Liberdade austríaco (FPÖ), Herbert Kick, que encontrasse uma maioria para governar. A decisão que deverá abrir as portas do poder à extrema-direita na Áustria pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial "não foi tomada de ânimo leve" declarou o chefe de Estado.

O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, encarregou esta segunda-feira o líder do Partido da Liberdade (FPÖ), anti-imigração e pró-Kremlin, que ficou em primeiro lugar nas eleições legislativas do final de setembro com 29 por cento dos votos, de iniciar negociações com o partido conservador do Povo Austríaco (ÖVP) para formar uma coligação governamental.

"Não tomei esta decisão de ânimo leve", declarou o presidente Van der Bellen, responsável pela nomeação do chanceler, nos termos da Constituição. "Continuarei a certificar-me de que os princípios e as regras da nossa Constituição são respeitados e cumpridos", acrescentou. 

 
O chefe de Estado recebeu esta segunda-feira de manhã o líder do Partido da Liberdade (FPÖ), Hebert Kickl, no palácio de Hofburg, a sede da presidência em Viena, para discutir durante mais de uma hora "a nova situação" na qual "a Áustria se encontra".

Após o fracasso de meses de negociações entre os principais partidos para formar uma coligação que bloqueasse a extrema-direita, o chanceler conservador austríaco, Karl Nehammer, do ÖVP , opositor assumido de Kickl, anunciou este sábado a sua intenção de se demitir.

O chanceler cessante, Karl Nehmaner,  tinha sido o homem escolhido pelo presidente Alexander Van der Bellen para liderar as negociações com os sociais-democratas e os liberais, ao contrário do que era esperado, uma vez que o seu partido não tinha sido o mais votado. No domingo, o Partido conservador do Povo Austríaco (ÖVP) nomeou o seu secretário-geral, Christian Stocker, como líder interino. 

Ao contrário do seu antecessor, o novo líder conservador já manifestou a sua abertura a conversações com a extrema-direita, partido com quem partilha as mesmas ideias para o economia.

 "O nosso país precisa de um governo estável agora e rapidamente. Se o FPÖ receber o mandato para formar um governo, o Partido Popular estará disponível para conversações - por responsabilidade para com a Áustria!", anunciou o conservador, Chrstian Stocker,  numa publicação divulgada nas redes sociais no domingo.


No passado, o ÖVP já se aliou por duas vezes, ao FPÖ, em 2000 e 2017, mas sem confiar o cargo de primeiro-ministro à extrema-direita.

Como reação ao anúncio do presidente austríaco que deverão abrir as portas do poder à extrema-direita, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, centenas de manifestantes reuniram-se esta segunda-feira em frente ao palácio de Hofburg gritando "fora nazis".

c/agências
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